sexta-feira, 10 de junho de 2011

Bivaque - A vida de Baden-Powell e a fundação do Escotismo

Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, o Fundador do nosso movimento, conhecido pelos escoteiros mundialmente por B.-P., nasceu em Londres a 22 de Fevereiro de 1857.

Perdeu o pai era ainda muito novo, mas apesar das dificuldades de sua mãe em sustentar a família, ele e os irmãos levaram uma juventude divertida, vivendo intensamente a vida ao ar livre em acampamentos e excursões pelos bosques de Inglaterra.

Baden-Powell foi um aluno normal, muito participativo, tomando sempre parte activa em tudo quanto se passava nas horas de recreio, tornando-se até um excelente guarda-redes do grupo de futebol da escola de Cartuxa.

Também no teatro demonstrou talento e, sempre que entrava num espectáculo, fazia rebentar de riso toda a escola, imitando com muita graça os diversos professores.

Os seus dotes artísticos manifestaram-se igualmente na música e no desenho, pois sabia tocar alguns instrumentos e tornou-se bom ilustrador, arte que aplicou mais tarde nos livros e em artigos que escreveu e que hoje se vêem a cada passo nas sedes dos Grupos de escoteiros e nos livros e em jornais escotistas.

Terminados os estudos, Baden-Powell ingressa no exército, carreira onde se tornou um bravo e famoso soldado, pois ainda muito novo atingiu o posto de general, o que não era vulgar.

Prestou então serviços na Índia e na África e, naquelas distantes paragens, atravessou florestas, rios, montanhas e desertos, conviveu imenso com as populações nativas, aprendendo inúmeros segredos da vida ao ar livre, tornando-se hábil explorador, cavaleiro, desportista e caçador.

Foi no ano de 1889 que B.-P. atingiu a glória e a fama, pois defendeu durante vários meses, a cidade de Mafeking, na África do Sul, durante a guerra anglo - boer.

Com o decorrer do cerco, B.-P. observou de perto as capacidades dos rapazes pois estes, enquanto o reduzido número de adultos combatia, desempenhavam, na perfeição, pequenas tarefas, algumas delas até muito importantes.

A vida de B.-P. foi sempre uma constante aventura e ele encarou-a com muito optimismo, procurando constantemente o lado melhor das coisas.

Baden -Powell em 1908

Quando regressou a Inglaterra B.-P. teve conhecimento que o seu livro sobre exploração, destinado ao exército, estava a ser lido com muito entusiasmo pelos rapazes e viu nisso uma oportunidade para fazer algo em prol da juventude do seu país.

No verão de 1907, B.-P. realizou aquele que viria a ser considerado o primeiro acampamento escotista do mundo, realizado na ilha de Brownsea na costa inglesa, e onde B.-P. pôs em prática e testou a aceitação das suas ideias sobre a vida ao ar livre, e a vida em patrulhas.

Tal foi o sucesso desse acampamento que levou B.-P. a escrever o livro «Escotismo para Rapazes» onde contava os mistérios e as aventuras da vida ao ar livre, e as suas ideias sobre o Escotismo. Este livro foi inicialmente publicado em fascículos em 1908.

Tal entusiasmo gerou o livro de B.-P. que deu origem ao Movimento Escotista, com o surgimento de patrulhas de escoteiros por todo a Inglaterra.

O Escotismo não se confinou à Inglaterra começando-se a alastrar primeiros pelos países vizinhos e mais tarde por todo o mundo, tendo chegado a Portugal, em terras de Macau, pelo ano de 1911.

A conselho do rei de Inglaterra, B.-P. deixou a vida militar e passou a dedicar-se exclusivamente ao Escotismo. Por essa altura, casa-se com Olave St. Clair Soames, a qual se tornou um forte apoio no seu trabalho de desenvolvimento, quer do movimento escotista, quer do movimento guidista.

B.-P. imaginou então uma grande reunião, de amizade e fraternidade entre os escoteiros de todos os países. Esse sonho tornou-se numa certeza com a realização dos jamboris, isto é grandes acampamentos escotistas em que tomam parte escoteiros de todo o mundo. O primeiro realizou-se em Londres em 1920, tendo estado presente uma delegação dos Escoteiros de Portugal.

Nele, B.-P. viria a ser delirantemente aclamado «Escoteiro-Chefe Mundial», título que não voltaria a ser dado a qualquer outro dirigente do Escotismo. Foi uma resolução espontânea que a juventude tomou nessa célebre reunião, que a todos encheu de verdadeiro júbilo.

Outros Jamboris se lhe têm seguido, sempre com novos motivos de agrado e que são verdadeiros testemunhos do valor e do progresso do Escotismo. Ao mesmo tempo, o casal B.-P. empreendia viagens por quase todo o mundo, visitando os escoteiros e incutindo-lhes entusiasmo. Também Portugal teve o privilégio de receber, em duas ocasiões, os dois grandes chefes , em que lhes tributou calorosas ovações e lhes rendeu francas demonstrações de carinho.

Com 81 anos de idade, B.-P. sentiu que os seus dias chegavam ao fim. Por isso na companhia de sua mulher, na altura já chefe mundial das Guias, resolveu fixar-se em África, que tanto amara. Passou a viver no Quénia, onde viria a falecer, com quase 84 anos, em 8 de Janeiro de 1941. A morte vinha pôr termo à fabulosa existência de um dos grandes amigos da gente nova.

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